sábado, 25 de março de 2017

CEAF escala árbitra assistente aos cinco meses de gestação para clássico local

A inserção feminina na arbitragem veio trazer o charme, delicadeza, precisão,  toque que faltava pra suavizar uma profissão tão marginalizada. Extirpar o machismo da arquibancada, das próprias  equipes, disputar espaço com o sexo oposto, realizar testes no mesmo padrão, foram os grandes obstáculos vencidos por essas guerreiras que já labutam nas principais divisões dos campeonatos da CBF/FIFA. E estão vencendo com maestria. Poucas ainda é verdade, mas com um talento impecável! 

Já tivemos trio completo comandando jogos da série A Paulista, Brasileiro, outras compondo equipes com árbitro FIFA, premiadas, a um passo de estarem em uma Copa do Mundo (masculina) e agora uma Central no clássico das multidões de Pernambuco (Sport x Santa Cruz). Detalhe, comandará a equipe tendo 2 assistentes e um reserva com larga experiência nacional, um exemplo a ser seguido. Relatando tudo isso pra demonstrar o crescimento e inserção de fato, das mulheres no futebol masculino profissional. 

Mas eis que uma canetada poética, recheada de marketing, midiática na essência, escala um quinteto de arbitragem pra um dos principais clássicos de Alagoas, de grande rivalidade local. Sim senhores e senhoras, teremos um quinteto escalado como de costume na competição deste ano aqui em Alagoas, um árbitro, 3 assistentes e um reserva. Calma, a CEAF/AL não está mudando as regras do jogo, tampouco ditando moda, apenas e sem o devido cuidado necessário (médico fisiológico materno), escalando uma assistente no 5° mês gestacional, este é o grande fato desta escala. Nada mais cristalino que uma gestante esteja praticando atividades diversas, ativa, sem grandes restrições e que seu estado não significa impossibilidade física, mas a função de Árbitra Assistente numa partida profissional expõe riscos médicos claros, tanto a assistente quanto ao feto em desenvolvimento. 
E é com esse pensamento, diríamos um pouco instintivo, que a reportagem do NM foi a procura de um conceituado médico obstetra ao qual teceu um laudo técnico com parecer desfavorável ou desnecessário a exposição da profissional nesta competição. Leiam o que falou o especialista: Por questão ética resguardaremos o anonimato! 

"Não existe proibição para isso, apenas não é aconselhável. 
As atividades físicas na gestação são importantes e serão melhores se aeróbicas, com redução de riscos de queda e sem maiores impactos.
Esse tipo de prática de atividade física, com maior intensidade de esforço físico, não é saudável na gestação e deve sim ser evitado. 
No primeiro trimestre (até umas 13 semanas de gestação), há uma tendência de hipoglicemia que pode levar a quedas da própria altura com suas consequências.
No segundo trimestre, mais ao final desse período, inicia-se um desequilíbrio postural por mudanças do centro de gravidade, dia-após-dia, e uma sobrecarga da função cardíaca.
Os riscos podem ser inerentes a queda da própria altura com maior incidência de fraturas e de traumas no abdome, como também à lesões articulares em função dos hormônios da gestação levarem à frouxidão de ligamentos.
Na gestante, sempre pensamos em indicar atividades, físicas ou não, que levem benefícios e reduzam riscos ao binômio materno-fetal.
Nesse caso, a avaliação é de que os riscos se sobressaem aos benefícios".

Mesmo imaginando as boas intenções do presidente da CEAF em não preconceituar o estado fisiológico de sua árbitra e acreditando que a mesma possui uma autorização do seu médico para poder seguir atuando, resguardando assim a federação de possíveis infortúnios, não podia deixar de buscar opiniões de profissionais e pessoas ligadas ao futebol em algo tão inusitado e inédito. O NM escultou também especialistas de arbitragem. Observem o que foi dito por eles: Mais uma vez por questão ética resguardaremos o anonimato!

Um conceituado Presidente de Comissão de Arbitragem disse:

"Fiquei bastante preocupado com a escala de Brigida, acho uma atitude impensada e que coloca em risco a vida da criança, o que pode ser um pioneirismo,  pode vim a ter um prejuízo sem precedentes, pois a qualquer momento ela poderá levar uma trombada ou mesmo uma bolada de qualquer atleta.
Gol fora da comissão de arbitragem de Alagoas e gol mais ainda fora da arbitra que não está pensando na sua integridade como mãe".

Um grande dirigente de Arbitragem explanou:

" Opinião sobre trabalho e escala de terceiros não é adequado, pois devem ter critérios para deliberar sobre este tema. 
Por outro lado, como o quadro feminino precisa de apoio, tais medidas ajudam e quebram paradigmas para elas". 

E completou:

"Tivemos atletas atuando até com mais.                        
Se os médicos dizem que é possível, elas podem atuar".

Na ocasião o mesmo dirigente citou o caso da jogadora de vôlei Isabel (foto ao lado), que atuou e treinava com seu "barrigão" aos seis meses de gestação.


Segue link da matéria: CLIQUE AQUI PARA LER A MATÉRIA

As opiniões não param por ai. Procuramos também um jornalista especialista no assunto e ele nos mandou a seguinte mensagem:

"A indicação desta auxiliar feita pelo Comitê de Árbitros de Alagoas é irresponsável e incompatível com o período gestacional apresentado. Caso ela leve uma bolada na barriga, se choque com um jogador ou tropece e isso cause alguma consequência a ela ou a criança, quem assumirá essa responsabilidade? Hércules Martins errou nessa designação e isso ainda pode lhe causar sérios prejuízos. Se a ideia era fazer algo positivo para a arbitragem feminina, o efeito acabou sendo contrário".

Temos várias opiniões sobre este polêmico assunto, mas seria redundante anexarmos , já que nas demonstrações acima, todos estão preocupados com a integridade do bebê que esta sendo gerado no ventre desta guerreira mãe árbitra. 
Diante tudo dito, eis que nos fixemos no lugar dos envolvidos e nos questionássemos: 
Se você fosse um Presidente de Comissão de Arbitragem e mesmo que a sua árbitra estivesse em mãos um laudo médico aprovando a escala, você escalaria ? 
E se fosses uma Árbitra Assistente no quinto período gestacional, você aceitaria correr esses riscos?

Estamos torcendo que saia tudo perfeito e que nada aconteça com esta mãe e esta criança. Afinal de contas, estamos sempre torcendo pela arbitragem, principalmente em um jogo como esse, o maior clássico do futebol de Alagoas.

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